quinta-feira, dezembro 07, 2006

4 - As Marcas do Discípulo II

· VIDA FRUTÍFERA

A terceira característica do discípulo é a vida frutífera. Foi Jesus quem afirmou que o Pai é glorificado quando damos “muito fruto”, e assim nos tornamos Seus discípulos (Jo.15:8). E que frutos são estes? São as boas obras que produzimos através do Espírito Santo. O discípulo compreende que as suas boas obras não são a causa da sua salvação, mas são a conseqüência dela. Por estarmos em Cristo, enxertados na Videira Verdadeira, devemos dar muitos frutos. É nossa comunhão com Deus, por meio do Seu Espírito, que vai gerar tais frutos. Eles não resultam da nossa própria natureza caída e pecaminosa, mas da natureza divina da qual somos participantes (2 Pe.1:4)

Paulo escreve aos Colossenses:

“E oramos para que possais andar dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo, FRUTIFICANDO em toda a boa obra...”
Colossenses 1:10a.

Estes frutos, repito, não são a causa da nossa salvação. Por isso, são chamados frutos. Nós, de nós mesmos, não temos condição de darmos frutos para Deus. Somente quem está enxertado na Videira, que é Cristo, pode frutificar para Deus. Paulo diz que desejava que os seus discípulos de Filipos fossem “cheios do fruto da justiça, o qual vem POR MEIO de Jesus Cristo” ( Fp.1:11a).
Já o escritor de Hebreus termina a sua epístola orando para que os seus discípulos fossem aperfeiçoados em toda a boa obra, a fim de fazerem a vontade de Deus, que operaria neles o que perante Ele é agradável por meio de Jesus Cristo (Hb.13:21).
O verdadeiro discípulo do Senhor Jesus tem prazer de dar frutos que glorifiquem a Deus. Ele não entende isso como dever apenas, e sim, como seu maior prazer!
Suas boas obras não têm como pretensão fazê-lo merecedor de coisa alguma da parte de Deus, pois ele entende que tudo quanto Deus nos dá é pela graça, e não por seus méritos. Entretanto, suas boas obras têm como objetivo agradar a Deus, e render glórias ao Seu nome.
Quando estamos em comunhão com Cristo, através do Seu Espírito Santo, os frutos aparecem naturalmente, ou melhor, sobrenaturalmente. Podemos dizer que os frutos vêm de uma forma naturalmente sobrenatural. E o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade (inclusive nos dízimos), mansidão, domínio próprio (Gl.5:22-23). Repara que o Espírito Santo produz um único fruto em nós, mas que está dividido em diversos gomos. Esse único fruto do Espírito é multiplicado através dos nossos atos. Cabe ao Espírito fazer-nos par-ticipantes da seiva da Videira Verdadeira, produzindo em nós a capacidade de frutificar. Porém, cabe a nós aproveitar cada oportunidade que se nos apresente para manifestarmos esses frutos, agradando a Deus, e levando os homens a glorificá-lO.
Afinal, foi para isso que Ele nos escolheu e nos designou:

“Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi, e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo o que em meu nome pedirdes ao Pai ele vos conceda. Isto vos ordeno: Amai-vos uns aos outros”.
João 15:16-17.


· DESPRENDIMENTO

Além de “aluno”, “aprendiz”, a palavra discípulo também traz o significado de “seguidor”. Seguir Jesus implica em uma postura de desprendimento. Podemos perceber isto nitidamente nas passagens que narram a chamada dos primeiros discípulos de Jesus.
Em Mateus lemos que “andando Jesus junto ao mar da Galiléia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, os quais lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores. Disse-lhes Jesus: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. IMEDIATAMENTE ELES DEIXARAM AS REDE, E O SEGUIRAM. Indo um pouco mais longe, viu outros dois irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão. Estavam num barco em companhia de seu pai Zebedeu, consertando as redes. Jesus os chamou, e eles, deixando o barco e seu pai, imediatamente o seguiram” (Mt.4:18-22).
Se quisermos ser discípulos qualificados para seguirmos o Mestre, não podemos estar presos a nada desta vida. Temos que estar sempre disponíveis a atender ao Seu chamado.
Deus não tem tempo a perder! Se não nos dispusermos a atender ao Seu chamado de imediato, estaremos correndo o risco de sermos repreendidos, ou até reprovados.
Paulo diz que não devemos embaraçar-nos com os negócios desta vida, a fim de agradar àquele que nos alistou (2 Tm.2:4).
Lucas relata que certo dia aproximou-se de Jesus um homem que queria tornar-se Seu discípulo. Eufórico, aquele homem disse: “Senhor, seguir-te-ei para onde quer que fores. Respondeu-lhe Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça” (Lc.9:57-58). Não sabemos se aquele homem desistiu daquela idéia após ter ouvido tal declaração. Sou tentado a achar que sim. Não havia sido Jesus Quem o chamara; ele mesmo se havia oferecido para seguí-lO.
Quando Jesus desejava recrutar novos discípulos, Ele mesmo os chamava. Toda vez que alguém se oferecia, Ele logo advertia ao pretendente quanto ao alto preço que deveria ser pago. Desta forma, a maioria daqueles que se ofereciam desistia no meio do caminho.
Segundo Lucas, assim que Jesus mostrou àquele homem que segui-lO requeria desprendimento, Ele disse a outro: “Segue-me. Mas ele respondeu: Senhor, deixa que primeiro eu vá enterrar meu pai. Respondeu Jesus: Deixa os mortos o enterrar os seus mortos, porém tu vai e anuncia o reino de Deus. Disse também outro: Senhor, eu te seguirei, mas deixa-me primeiro despedir dos que estão em minha casa. Jesus lhe disse: Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus” (Lc.9:59-62).
É interessante notarmos que dos três, apenas um foi chamado por Jesus a segui-lO, os outros dois se ofereceram. No primeiro e no terceiro caso, Jesus não insistiu que eles O acompanhassem, pois sabia que não estariam dispostos a pagarem o preço do desprendimento e da renúncia. Porém, o segundo, embora tenha pedido que fosse enterrar seu pai antes de segui-lO, Jesus ordenou que ele fosse e anunciasse o reino de Deus. Veja que Jesus não o impediu de ir ao enterro do seu pai. O que Jesus pretendia era mostrar-lhe que, muito mais importante do que enterrar um ente querido, era anunciar o reino de Deus aos que estavam vivos.
A prova dos nove para que saibamos se fomos ou não chamados por Cristo a segui-lO é verificarmos onde está o nosso coração. Se não estivermos dispostos a abrir mão de qualquer coisa para segui-lO, então, provavelmente não compreendemos o chamado do discipulado, e talvez, nem ao menos tenhamos sido chamados.
E quem são os chamados? Os que foram escolhidos. Não fomos nós que O escolhemos, e sim, Ele escolheu-nos, conforme lemos em João 15:16. Diz o Apóstolo Paulo: “Aos que predestinou, a estes também chamou” (Rm.8:30).
Se o seu coração está em Jesus, e não se prende a coisa alguma, então, você pode considerar-se um escolhido e chamado por Deus a seguir o Mestre.

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